O investigador Ricardo-da-Costa recebeu recentemente o prémio de investigação do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA) por um trabalho que revela que os macacos têm mecanismos cerebrais semelhantes aos que permitem a linguagem nos seres humanos.
O estudo “Toward an evolutionary perspective on conceptual representation: Species-specific calls activate visual and affective processing systems in the macaque”, de Ricardo Gil-da-Costa, investigador do Salk Institute for Biological Studies, na Califórnia, nos Estados Unidos da América, e do Instituto Gulbenkian da Ciência, foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America.
O trabalho agora distinguido com o Prémio ISPA de Investigação em Psicologia e Ciências do Comportamento, que relaciona as disciplinas da psicologia e da neurobiologia, dedicou-se à análise das bases evolutivas do sistema de representação conceptual, ou seja, “as bases fisiológicas onde representamos mentalmente todos os conceitos que podemos imaginar, desde objectos, animais a interacções sociais, por exemplo”. Para saber como estão estruturadas as várias áreas cerebrais, os investigadores usaram métodos de imagiologia cerebral funcional, técnica que permite saber quais as áreas do cérebro que estão a processar determinada tarefa quando esta é exercida por um indivíduo, como ver, ouvir e memorizar, por exemplo. Esta técnica foi adaptada ao estudo de reacções do macaco rhesus, que tem um repertório de 10 a 12 vocalizações diferentes, associadas a diferentes eventos importantes e com um significado para estes macacos, que pode servir para estabelecer hierarquias, assinalar comida e avisar a presença de predadores.
Os investigadores obtiveram os mesmos resultados em macacos e em humanos.
“O que parece estar a acontecer é que, tal como em humanos, os macacos representam os conceitos de uma forma multimodal e distribuída e que representam o conceito de imagem como nós temos”, explicou o investigador à Agência Lusa.
O Prémio ISPA de Investigação em Psicologia Aplicada e Ciências do Comportamento distingue anualmente, desde 2003, com 2.500 euros o trabalho de um jovem investigador português, publicado nos três últimos anos numa revista internacional científica em Psicologia e áreas afins.
Fonte: Dica da Semana, 24 de Janeiro de 2008
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